Foi andando pelas ruas da cidade que me deparei com uma revista com a seguinte frase: “Quem vai matar Leo?” Antes de tudo gostaria de salientar que quando era uma pseudo intelectual pró cultura, abominava o fato de assistir novelas, e achava o máximo dizer que “não assisto novelas, tenho outros interesses”. De qualquer forma, embora ainda não assista novelas eu sei quem é o Léo. Se você não sabe, venho fazer uma breve descrição do mesmo:
Léo é o vilão da novela das oito da Globo. É um sujeito ambicioso, inteligentíssimo, esperto, invejoso, sabe aproveitar as oportunidades... e como se não bastasse, muito sedutor como só os vilões sabem ser!
De qualquer forma querem matar o Léo! Sim, o Léo é MAAAAAAAAL!!! Matou a sangue frio, prejudicou o irmão, roubou o pai...
O que ocorre é que sentimos certo prazer quando um cara tão maaaaaaal se dá maaaaaaaaal!!! Quanto mais sofrimento, mais prazer sentimos! Que delícia ver aquele cara que humilhou ser humilhado! Que gostoso ver aquela vilã da novela apanhar da mocinha da novela! Sinto informar-lhes que isto, meus caros é o MAL! O mal que há em nós!
Ainda temos a tendência de dividir as pessoas entre boas e más desconsiderando totalmente todas as cores que existem entre estes extremos. Lembro- me de um filme “Amores Brutos” (Amor Perro) onde um matador de aluguel vivia com um considerável número de cachorros por quem nutria grande amor! Um belo dia adotou um cachorro muito dócil, mas que havia sido treinado para matar outros cachorros (ele não sabia). Eis que quando este sujeito chega em casa, encontra todos os seus cãezinhos mortos, (cena forte para os que amam cachorros, passei dois dias chorando) exceto aquele que os havia assassinado. O sujeito desnorteado olha para o cachorro matador e diz: “como você teve coragem de matar seus iguais?!”, boa pergunta, não? Sim queridos, os vilões também amam! Ou alguém, ou alguma coisa. Sim, os mocinhos também possuem um lado ruim, obscuro...
Como faço parte deste mundão, vejo que também tenho o hábito de separar tudo entre bem e mal em relação a situações, experiências, pessoas e até em relação a mim mesma. Isto é bastante limitador. É preciso entender que ninguém é tão bom ou tão mal quanto parece e que as qualidades, suas e alheias, SEMPRE devem ser observadas! Descobrir o mal em nós, nos torna mais compreensivos com os erros alheios e nos dá oportunidade de nos apropriarmos dos “acertos” alheios!
Então, para concluir, venho fazer uma revelação: EU VOU MATAR LÉO! Mas mato só uma parte dele! Aproprio-me de sua inteligência, sua esperteza e claro, de seu lado sedutor! O resto, eu mato, bem aqui dentro...
E já que estamos falando de cultura de massa e de julgamentos sobre o que é bom e mau, termino este post com o trecho de uma música de um programa de televisão que provoca muitos comentários e muitas críticas e que eu não assisto, porque tenho outros interesses, digamos, mais intelectualizados...
Viviane Sansperi
Viviane Sansperi
“Se pudesse escolher