segunda-feira, 26 de março de 2012

Viver e deixar partir...

A temporariedade das coisas sempre foi algo presente na minha vida. Desde criança, minha vida foi marcada por mudanças: de escola, de casa, de cidade... só de escola, foram 7. Morei em cinco cidades e estou indo para a sexta. Trabalhei em diversos empregos e tive diversas profissões: fui vendedora, digitadora, garçonete, operadora de telemarketing, guia de turismo, coordenadora de eventos, agente de contratos... foram tantas funções, que muitas pessoas sequer acreditam que eu tenha trabalhado em tudo isto! Mas é verdade!!! Mesmo que eu não tivesse a menor vontade de que as coisas mudassem, a própria vida sempre me impeliu a mudanças!

O fato é que a frase “nada é para sempre” é uma verdade tão lógica para mim, que ecoa pelos meus poros...

Não pensem que este discurso sobre desapego é reflexo do meu desprendimento: isto é um exercício diário. Sempre que termino uma etapa de minha vida, penso que poderia ter aproveitado muito mais; foi assim quando terminei o colegial, quando me despedi de amigos queridos (seja pela distância, seja porque se foram para outro plano) e é assim quando me mudo de cidade. Fico remoendo aquilo que não fiz, apegada a um passado que não está mais em minhas mãos (embora eu tente em vão, segurá-lo).
O apego tem muitas formas: objetos, pessoas, os pais, o trabalho, os vícios e pasmem: tem gente que se apega ao sofrimento, seja na forma de um emprego infeliz, seja por comportamentos viciosos que nos levam para o fundo do poço...

O desapego e a entrega devem sempre fazer parte de nossa vida. Dizem que quando você desocupa as gavetas com coisas inúteis, aquilo que você mais precisa chega a você. Quando você abre as mãos, pode deixar partir alguma coisa, mas com certeza estará de mãos abertas para receber algo muito maior (e melhor).

Até a vida é temporária! Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas ficar preso ao que quer que seja, só nos impede de ir de encontro ao que realmente vale a pena. É preciso abrir a cabeça para enxergar a infinidade de possibilidades que estão a nossa disposição, esquecendo as limitações impostas pela nossa mente. Tem gente que conhece esta lição: não se limita a fazer apenas uma coisa, e procura fazer bem tudo a que se propõe, porque aproveita cada possibilidade, sem ficar criando empecilhos ou sem apego a uma condição já conquistada. Estão em constante evolução e fazem tantas coisas que nos fazem questionar se estamos realmente vivendo na potencialidade de nosso ser.

Esta semana perdemos um ídolo do humor. Não gosto de pensar que outros que tenham partido deste mundo e que não sejam famosos tenham menos valor, mas não há como negar que ele deixou sua marca. Aproveitou tantas possibilidades, criou tantas coisas, ajudou tantas pessoas... viveu, no sentido profundo da ação. Viveu tanto, que permanecerá vivo enquanto durarem suas obras.

Agora é hora de deixá-lo partir. E que venham novos imortais!!!

Viviane Sansperi

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A vida precisa de um cardápio!

Sempre estive cercada de bons cozinheiros! Minha mãe, por exemplo pode preparar um jantar francês ou um banquete de casamento, passando por trufas, doces, além do melhor frango assado que conheço! Meu pai, por sua vez, fazia um churrasco delicioso, com direito a costelinha de porco com queijo ralado... (que vontade!) Minha família sempre cozinhou bem, incluindo meu irmão que inventava receitas malucas que sempre, para meu espanto e raiva, davam certo!!! E como um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas quando cai a segunda, com certeza cairá a terceira, meu marido também cozinha maravilhosamente bem!!!

Estão me achando sortuda, certo? Bateu uma inveja? Acalmem-se! Para meu total remorso, durante muito tempo não gostava de comer! Achava perda de tempo passar horas na frente do prato (sim, eu demorava três horas para almoçar!) e com tanta gente ao meu redor cozinhando bem, meu grau de exigência ficou ainda pior.

Algumas poucas vezes que cozinhei para alguém, meus pratos fizeram sucesso, mas meu grau de exigência me dizia que nunca seria capaz de promover um jantar com direito a entrada, prato principal e sobremesa, para mais de duas pessoas – e realmente não sou... por enquanto!

O fato é que hoje, pensando no que faria para o almoço, percebi que cozinhar encerra diversas lições.

Primeiro que para elaborar um prato é preciso planejamento; não adianta definir o que comer e não ter todos os ingredientes. O planejamento, também inclui o tempo de preparo da receita para que o almoço não vire janta. Depois, é necessário que todos os ingredientes sejam de qualidade, pois disso também depende o sucesso da receita. Por fim, um pouco de criatividade, prática, paciência e desprendimento, porque depois de pronta, a receita irá literalmente embora e será necessário pensar na próxima refeição.

Mas o ingrediente principal para o sucesso, é aceitar suas limitações e os erros. Às vezes exageramos no sal, às vezes tiramos antes do tempo mas independente de ter ficado ótima ou péssima, sempre há uma nova refeição a ser preparada (apenas se nós quisermos).

A vida é assim também! É preciso planejar, escolher os melhores ingredientes, e fazer o possível para que a receita seja um sucesso... depois, partir para a próxima refeição, sem apego, aproveitando e aprimorando a experiência adquirida. A vida é um cardápio de infinitas possibilidades!!! São inúmeros temperos e ingredientes que combinados de uma ou de outra forma, podem nos trazer resultados surpreendentes!

E aí, qual sua receita de hoje? Mande para mim! Mas não esqueça de SABOREAR!!!

BON APPETIT!!!
Viviane Sansperi