A temporariedade das coisas sempre foi algo presente na minha vida. Desde criança, minha vida foi marcada por mudanças: de escola, de casa, de cidade... só de escola, foram 7. Morei em cinco cidades e estou indo para a sexta. Trabalhei em diversos empregos e tive diversas profissões: fui vendedora, digitadora, garçonete, operadora de telemarketing, guia de turismo, coordenadora de eventos, agente de contratos... foram tantas funções, que muitas pessoas sequer acreditam que eu tenha trabalhado em tudo isto! Mas é verdade!!! Mesmo que eu não tivesse a menor vontade de que as coisas mudassem, a própria vida sempre me impeliu a mudanças!
O fato é que a frase “nada é para sempre” é uma verdade tão lógica para mim, que ecoa pelos meus poros...
Não pensem que este discurso sobre desapego é reflexo do meu desprendimento: isto é um exercício diário. Sempre que termino uma etapa de minha vida, penso que poderia ter aproveitado muito mais; foi assim quando terminei o colegial, quando me despedi de amigos queridos (seja pela distância, seja porque se foram para outro plano) e é assim quando me mudo de cidade. Fico remoendo aquilo que não fiz, apegada a um passado que não está mais em minhas mãos (embora eu tente em vão, segurá-lo).
O apego tem muitas formas: objetos, pessoas, os pais, o trabalho, os vícios e pasmem: tem gente que se apega ao sofrimento, seja na forma de um emprego infeliz, seja por comportamentos viciosos que nos levam para o fundo do poço...
O desapego e a entrega devem sempre fazer parte de nossa vida. Dizem que quando você desocupa as gavetas com coisas inúteis, aquilo que você mais precisa chega a você. Quando você abre as mãos, pode deixar partir alguma coisa, mas com certeza estará de mãos abertas para receber algo muito maior (e melhor).
Até a vida é temporária! Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas ficar preso ao que quer que seja, só nos impede de ir de encontro ao que realmente vale a pena. É preciso abrir a cabeça para enxergar a infinidade de possibilidades que estão a nossa disposição, esquecendo as limitações impostas pela nossa mente. Tem gente que conhece esta lição: não se limita a fazer apenas uma coisa, e procura fazer bem tudo a que se propõe, porque aproveita cada possibilidade, sem ficar criando empecilhos ou sem apego a uma condição já conquistada. Estão em constante evolução e fazem tantas coisas que nos fazem questionar se estamos realmente vivendo na potencialidade de nosso ser.
Esta semana perdemos um ídolo do humor. Não gosto de pensar que outros que tenham partido deste mundo e que não sejam famosos tenham menos valor, mas não há como negar que ele deixou sua marca. Aproveitou tantas possibilidades, criou tantas coisas, ajudou tantas pessoas... viveu, no sentido profundo da ação. Viveu tanto, que permanecerá vivo enquanto durarem suas obras.
Agora é hora de deixá-lo partir. E que venham novos imortais!!!
Viviane Sansperi